Dimensão Psíquica
A droga não permite ser partilhada. Ela é sempre excludente.
Do mesmo modo que a dependência química e a contaminação por HIV provocam um desequilíbrio afetivo e emocional, a intoxicação também gera distúrbios psíquicos. As emoções provocam uma descarga de adrenalina na corrente sanguínea, que gera um obstáculo para a limpeza do corpo e aumenta o grau de intoxicação. Cria-se um círculo vicioso, já que a intoxicação torna ainda mais grave os distúrbios do nosso psiquismo. Hoje, mais do que nunca, sabemos da somatização e de seus terríveis efeitos. Sabemos também que os problemas afetivos e emocionais acabam por atrapalhar nossas funções cerebrais.
À medida que a pessoa vai se viciando nas drogas ou se fechando numa sexualidade genitalizada e egoísta, vai também deixando de lado seus principais relacionamentos. A droga não permite ser partilhada. Ela é sempre excludente. Quem se deixa seduzir por ela acaba se aniquilando. O casamento vai por água abaixo. O relacionamento com os pais torna-se, em muitos casos, insuportável. A afetividade fica totalmente quebrada. A pessoa machucada não consegue mais amar e nem se sentir amada. Se o amor vem de Deus, e somente quem é nascido de Deus e conhece a Deus consegue amar, a dependência química, grande arma do encardido para deformar o ser humano, produz uma pessoa fria, machucada, ferida, magoada e sem esperanças. Com o processo de restauração física e espiritual, a afetividade, especialmente no campo dos relacionamentos, começa a vir à tona novamente. A família, antes relegada a um plano muito inferior, passa a ser muito importante. Com a restauração física volta, especialmente nos mais jovens, toda a potencialidade afetiva e sexual. O que estava antes adormecido ou excluído em função da opção pelas drogas agora vem à tona, e com isso experimentamos muitos e sérios problemas, já que também a afetividade precisa ser trabalhada e desintoxicada.
Fonte: Trecho do livro – Viver Com HIV – Pe Léo, scj
Formatação- Junior e Fatinha